O mundo está sendo moldado, em grande parte, por duas tendências de longa data: primeiro, nossas vidas estão cada vez mais desmaterializadas, consistindo em consumir e gerar informação online, tanto no trabalho como em casa. Segundo, IA (Inteligência Ariticial) está ficando ainda mais inteligente.
Integrado ao longo de muitos anos de exposição, a curadoria algorítmica da informação que consumimos dá aos sistemas no comando dela um poder considerável sobre nossas vidas, sobre quem nos tornamos. Ao mover nossas vidas para o mundo digital, nós nos tornamos vulneráveis àquilo que o comanda - algoritmos de inteligência artificial.
Isso não é exatamente novidade, dado que sabemos que o Facebook conduz pelo menos desde 2013 uma série de experimentos onde eles conseguiram com sucesso controlar o humor e as decisões de usuários não voluntários ao ajustar o conteúdo de seus feeds, bem como predizer as decisões futuras de um usuário.
Em suma, o Facebook pode simultaneamente medir tudo sobre nós, e controlar as informações que consumimos. Quando você tem acesso tanto à percepção quanto à ação, você está olhando para um problema de Inteligência Artificial. Você pode começar a estabelecer um ciclo de otimização para o comportamento humano. Um loop, um ciclo, de aprendizado por reforço.
Alguns deles tem sido usados a muito tempo em propagandas (por exemplo, reforço social positivo/negativo), mas de forma bem fraca e genérica. De uma perspectiva de segurança de informação, eles seriam chamados de "vulnerabilidades": falhas conhecidas que podem ser usadas para assumir o controle de um sistema.
E mais importante, controle populacional em massa - particularmente controle político - vindo de colocar algoritmos de IA no controle da nossa "dieta de informação" não precisa necessariamente de IAs muito avançadas. Não é necessário uma IA consciente e super inteligente para isso ser uma ameaça terrível.
Esta é a razão pela qual muitas das propagandas que você vê online parecem desesperadamente irrelevantes. Elas não são sofisticadas. Da mesma forma, robôs de mídias sociais usados para por atores de Estado hostis para influenciar a opinião pública tem pouco ou nada de IA neles. Eles são extremamente primitivos. Por enquanto.
O campo de Inteligência Artifical tem feito progresso rápido nos últimos anos, e esse progresso está apenas começando a ser utilizado em algoritmos de direcionamento e robôs de mídias sociais. Deep Learning só começou a ser integrado em feeds de notícia e redes de propaganda por volta de 2016. O Facebook tem investido pesado nisto.
Essas duas tendências se sobrepõem no nível dos algoritmos que moldam nosso consumo de conteúdo digital. Algoritmos opacos de mídias sociais podem decidir, cada vez mais, quais artigos nós lemos, com quem mantemos contato, de quem são as opiniões que lemos, de quem recebemos feedback.